quinta-feira, 7 de março de 2013

Crônicas de Rondônia (08/03)–Construções, acordos e mortes permeiam a vida dos rondonienses

Ponte do orgulho

ponte sobre o rio madeireaA obra da ponte que ligará uma das principais estradas de acesso entre Rondônia e Acre, deve ser concluída até dezembro de 2013, segundo construtora. No momento, casas localizadas na margem direita atrapalham finalização da cabeceira. As famílias que moram no Bairro Balsa, na outra margem do rio, ainda não foram retiradas do local. A obra está dentro do cronograma e que deve ser concluída até abril. Serão 120 casas, o processo licitatório deve ser concluído em três meses para então dar início a execução das obras. Vale lembrar que esta obra demorou pouco mais de um ano para ser entregue, enquanto os viadutos da capital já ultrapassam 4 anos e até agora só gambiarras foram repassadas para a população.

Um fiasco


Ontem na audiência da câmara municipal de Porto Velho, foi realizada uma audiência das compensações das usinas. Uma coisa ficou claro o ex prefeito afastado pela justiça terá que explicar na Justiça aonde foram parar as aplicações dos recursos?
Segundo o vereador Jair Montes (…), “A criação da CPI foi inevitável, pois as informações que obtivemos das usinas estão obscuras, não são claras e a prefeitura que indicava as obras e as empresas”.
”Sem licitação e pelo que notamos carta marcada com algumas empresas. O dinheiro das compensações se confundiram com as aplicações dos investimentos da arrecadação da própria prefeitura”. Chegou um ponto que não da pra identificar o que são obras de compensações ou de recursos próprios da prefeitura”.
Uma verdadeira salada de frutas, muitas coisas cabeludas serão descobertas, e com certeza a população ficara sabendo em breve.

Dênis faz acordo

Em troca de 4 meses de tranquilidade na presidência, Denis prometeu convocar novas eleições e ainda o apoio de 5 sindicatos que estão ligados a sua gestão, entre os quais inclusive o Sindvest e o Sindgraf, acusados de superfaturar serviços pela Comissão de Fiscalização criada pela Junta Administrativa, que assumiu a Fiero por poucos dias com o afastamento de Denis Baú da presidência. Na verdade, o atual presidente da federação quer silenciar as investigações sobre os casos de contratos irregulares que transbordam em suas gavetas.

Universidade sem futuro

A Universidade Federal de Rondônia deve paralisar suas atividades a partir desta quinta-feira. O corpo técnico está exigindo melhoras no campus, que segundo eles, não oferece condições de trabalho. A UNIR ficou mais de quatro meses com as atividades suspensas ano passado pelos estudantes e professores, que pediam entre outras coisas, a saída do ex-reitor, Januário Amaral. Após forte pressão ele renunciou, foram convocadas novas eleições e a nova reitora, Berenice Tourinho não conseguiu grandes avanços.

Não deixa não

Ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Condenado do Mensalão), acaba de protocolar no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de liberação de seu passaporte, como pretexto, pretende comparecer ao funeral do presidente venezuelano Hugo Chávez. O passaporte de Dirceu foi retido pelo Supremo em decorrência de sua condenação no julgamento do mensalão. Dirceu e Chávez mantêm há muitos anos uma relação próxima. E ai, libera ou não libera?

Deputada acusa as usinas de fomentar tráfico de pessoas.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas ouviu hoje (5)  o relato da conselheira tutelar de Altamira, Lucenilda Lima, sobre a situação de uma adolescente de 16 anos,  mantida em cárcere privado e explorada sexualmente em um prostíbulo localizado dentro do canteiro da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. A conselheira disse que um dos responsáveis pelo prostíbulo também era processado por exploração sexual por manter uma casa de prostituição no canteiro da Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO).

Mortos em conflitos por terra e madeira

O tráfico de madeira vitimou, no ano passado, duas pessoas em Rondônia. Na frente do filho, de 5 anos, a extrativista Dinhana Nink, de 28 anos, foi assassinada após ter denunciado um grupo de grileiros que extraía madeira ilegalmente na região. Outra vítima foi o índio João Oliveira da Silva Kaxarari, assassinado em agosto por traficantes de maneira que invadiram uma propriedade indígena, na fronteira entre Rondônia e Amazonas.

Nenhum comentário:

Pesquisar matérias no Blog

Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: