segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

OURO PRETO - Sede da SEMECE está depredada há meses sem qualquer providê...

Imagens de extrema indignação foram registradas por funcionários públicos, neste sábado (17/12), na atual sede da SEMECE, abreviação dada a Secretaria Municipal de Educação de Ouro Preto do Oeste.

O município é administrado por Alex Testoni (PSD), que vai deixar o cargo no próximo dia 31/12 já com uma denuncia criminal nas costas, acatada pelo TJ/RO no último dia 15/12, após inúmeros recursos rejeitados, impostos pela defesa do prefeito e seus companheiros de processo.

A denúncia original foi impetrada pelo Ministério Público do Estado de Rondônia, e constam acusações como por Fraude em licitações, Peculato, lavagem de dinheiro e Desvio de recursos públicos, que na época contou até mesmo com a participação da Polícia Federal, e resultou na deflagração da Operação Ludus, envolvendo inclusive o atual deputado federal Lúcio Mosquini )PMDB), que na época ainda era candidato.

Ao tomar conhecimento do estado degradando e abandono completo da sede da secretaria, o vereador eleito no último pleito, que também é funcionário da prefeitura, Delísio Fernandes Almeida Silva (PSB), visitou a sede abandonada e constatou o mais completo desleixo no prédio do setor público, que segundo ele se encontra há pelo menos 3 meses no estado em que foi fotografado e filmado pelo vereador eleito.

As cenas deploráveis de destruição e descaso com a coisa pública, como portas de vidros estilhaçadas, bebedouros e armários destruídos, documentos molhados, espalhados e até queimados, acabam por demolir o discurso retórico do prefeito em suas campanhas eleitorais que sempre afirmo que estaria trazendo para a cidade de Ouro Preto, principalmente nas áreas da saúde, educação e segurança, uma administração modelo e que todo sentiriam orgulho de seu mandato.

É bem verdade sim que o prefeito Alex Testoni, apesar de suas inúmeras complicações com a justiça, já foi reconhecido sim como um exímio administrador público, mesmo sem ter nomeado secretários para assumir as principais pasta administrativas do município, porém, em final de mandato, permitir que um retrato negativo destes venha a tona para manchar ainda mais a sua imagem como político investigado pelo MP, certamente não o deixará em bons lençóis com a justiça novamente, pois como não possui um secretário para poder cobrar os desleixo, terá que se explicar pessoalmente sobre o assunto às autoridades competentes que haverão de fiscalizar sobre o que realmente aconteceu e está acontecendo com o prédio da SEMECE e os documentos lá encontrados.

Segundo informações colhidas pelo vereador eleito durante sua visita, com um outro servidor, que não quis se identificar, que passar por lá para ver o prédio ainda continua no local, a invasão aconteceu há pelos menos 60 dias, e o mesmo já tinha tinha tido a informação de que realmente teria havido um "arrombamento", porém, jamais pensou que encontraria o predio tão destruído e ignorado pela administração como encontrou.

Tomado de extrema preocupação, e principalmente pelo fato de ninguém da prefeitura ter até o momento jamais comentado ou tomado providências quanto ao que estava acontecendo, o vereador fez questão de fazer pessoalmente o registro das imagens para apresentar a denúncia ao Ministério Público nesta segunda feira (19/12) e comunicar a toda a população através da imprensa.

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Um Diploma ou um Sacerdócio?

Que respostas podemos dar à indagação sobre os motivos de se exigir que o profissional de Jornalismo seja formado por uma faculdade?

Digamos, desde logo, que a faculdade não vai "fazer" um jornalista. Ela não lhe dá técnica se não houver aptidão, que denominamos de vocação.

A questão é mais séria e mais conseqüente. A faculdade, além das técnicas de trabalho, permite ao aluno a experiência de uma reflexão teórica e, principalmente, ética.

Não achamos absurdo que um médico deva fazer uma faculdade. É que vamos a ele entregar o nosso corpo, se necessário, para que ele corte, interfira dentro de seu funcionamento, etc.

Contudo, por vezes discutimos se existe necessidade de faculdade para a formação do jornalista, e nos esquecemos que ele faz uma intervenção muito mais radical sobre a comunidade, porque ele interfere, com seus artigos, suas informações e suas opiniões, diretamente dentro de nosso cérebro.

Acho que, pelo aspecto de cotidianidade que assumiu o Jornalismo, a maioria das pessoas esquece que o Jornalismo não é uma prática natural.

O Jornalismo é uma prática cultural, que não reflete a realidade, mas cria realidades, as chamadas representações sociais que interferem diretamente na formulação de nossas imagens sobre a realidade, em nossos valores, em nossos costumes e nossos hábitos, em nossa maneira de ver o mundo e de nos relacionar com os demais.

A função do Jornalismo, assim, é, socialmente, uma função extremamente importante e, dada a sua cotidianidade, até mais importante que a da medicina, pois, se não estamos doentes, em geral não temos necessidade de um médico, mas nossa necessidade de Jornalismo é constante, faz parte de nossas ações mais simples e, ao mesmo tempo mais decisivas, precisamos conhecer o que pensam e fazem nossos governantes, para podermos decidir sobre as atividades de nossa empresa; ou devemos buscar no Jornalismo a informação a respeito do comportamento do tempo, nas próximas horas, para decidirmos como sair de casa, quando plantar, ou se manter determinada programação festiva.

Buscamos o Jornalismo para consultar sobre uma sessão de cinema, sobre farmácias abertas em um feriadão, mas também para conhecermos a opinião de determinadas lideranças públicas a respeito de determinado tema, etc.

Tudo isso envolve a tecnologia e a técnica, o nível das aptidões, capacidades e domínio de rotinas de produção de um resultado final, que é a notícia.

Mas há coisas mais importantes: um bom jornalista precisa ter uma ampla visão de mundo, um conjunto imenso de informações, uma determinada sensibilidade para os acontecimentos e, sobretudo, o sentimento de responsabilidade diante da tarefa que realiza, diretamente dirigida aos outros, mais do que a si mesmo.

Quando discuto com meus colegas a respeito da responsabilidade que eu, como profissional tenho, com minha formação, resumo tudo dizendo: não quero depender de um colega de profissão, "transformado" em "jornalista profissional", que eventualmente eu não tenha preparado corretamente para a sua função.

A faculdade nos ajuda, justamente, a capacitar o profissional quanto às conseqüências de suas ações.

Mais que isso, dá ao jornalista, a responsabilidade de sua profissionalização, o que o leva a melhor compreender o sentido da tarefa social que realiza e, por isso mesmo, desenvolver não apenas um espírito de corpo, traduzido na associação, genericamente falando, e na sindicalização, mais especificamente, mas um sentimento de co-participação social, tarefa política (não partidária) das mais significativas.

Faça-se uma pergunta aos juízes do STF a quem compete agora julgar a questão, mais uma vez, questão que não deveria nem mais estar em discussão: eles gostariam, de ser mal informados?

Eles gostariam de não ter acesso a um conjunto de informações que, muitas vezes, são por eles buscadas até mesmo para bem decidirem sobre uma causa que lhes é apresentada através dos autos de um processo?

E eles gostariam de consultar uma fonte, sempre desconfiando dela?

Porque a responsabilidade do jornalista reside neste tensionamento que caracteriza o Jornalismo contemporâneo de nossa sociedade capitalista: transformada em objeto de consumo, traduzido enquanto um produto que é vendido, comercializado e industrializado, a notícia está muito mais dependente da responsabilidade do profissional da informação, que é o jornalista, do que da própria empresa jornalística que tem, nela, a necessidade do lucro.

Assim sendo, é da consciência aprofundada e conscientizada do jornalista quanto a seu trabalho, que depende a boa informação.

E tal posicionamento só se adquire nos bancos escolares, no debate aberto, no confronto de idéias, no debate sério e conseqüente que se desenvolve na faculdade.

Eis, em rápidos traços, alguns dos motivos pelos quais é fundamental que se continue a exigir a formação acadêmica para o jornalista profissional.

A academia não vai fazer um jornalista, mas vai, certamente, diminuir significativamente, a existência de maus profissionais que transformam a informação, traduzida na notícia, em simples mercadoria.

Danny Bueno

_______________Arquivo vivo: